O Mar
O mar é triste como um cemitério,
Cada rocha Ă© uma eterna sepultura
Banhada pela imácula brancura
De ondas chorando num albor etéreo.Ah! dessas no bramir funéreo
Jamais vibrou a sinfonia pura
Do amor; sĂł descanta, dentre a escura
Treva do oceano, a voz do meu saltério!Quando a cândida espuma dessas vagas,
Banhando a fria solidĂŁo das fragas,
Onde a quebrar-se tão fugaz se esfuma.Reflete a luz do sol que já não arde,
Treme na treva a pĂşrpura da tarde,
Chora a saudade envolta nesta espuma!
Sonetos sobre Espuma de Augusto dos Anjos
2 resultados Sonetos de espuma de Augusto dos Anjos. Leia este e outros sonetos de Augusto dos Anjos em Poetris.
No Meu Peito Arde Em Chamas Abrasada
No meu peito arde em chamas abrasada
A pira da vingança reprimida,
E em centelhas de raiva ensurdecida
A vingança suprema e concentrada.E espuma e ruge a cólera entranhada,
Como no mar a vaga embravecida
Vai bater-se na rocha empedernida,
Espumando e rugindo em marulhada.Mas se das minhas dores ao calvário,
Eu subo na atitude dolorida
De um Cristo a redimir um mundo vário,Em luta co’a natura sempiterna,
Já que do mundo não vinguei-me em vida,
A morte me será vingança eterna.