Sonetos sobre Fé de Tomás Antônio Gonzaga

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Sonetos de fé de Tomás Antônio Gonzaga. Leia este e outros sonetos de Tomás Antônio Gonzaga em Poetris.

MarĂ­lia De Dirceu

Soneto 6

Quantas vezes Lidora me dizia,
Ao terno peito minha mĂŁo levando:
– Conjurem-se em meu mal os astros, quando
Achares no meu peito aleivosia!

EntĂŁo que nĂŁo chorasse lhe pedia,
Por firme seu amor acreditando.
Ah! que em movendo os olhos, suspirando,
Ao mais acautelado enganaria!

Um ano assim viveu. Oh! céus, agora
Mostrou que era mulher: a natureza,
SĂł por nĂŁo se mudar, a fez traidora.

NĂŁo, nĂŁo darei mais cultos Ă  beleza,
Que depois de faltar à fé Lidora,
Nem creio que nas deusas há firmeza.

MarĂ­lia De Dirceu

Soneto 9

Mudou-se enfim Lidora, essa Lidora
Por quem mil vezes fé me foi jurada.
Que vos detém, ó céus, que castigada
Ainda nĂŁo deixais tĂŁo vil traidora?

NĂŁo haja piedade; sinta agora
A dita sem remédio em mal trocada:
Pois, se assim nĂŁo sucede, fica ousada
Para ser outra vez enganadora.

Vingai, Ăł justos cĂ©us…, mas ah! que digo?
Que maltrateis Lidora? – O sentimento
Privou-me do discurso; eu me desdigo.

NĂŁo, nĂŁo vibreis o raio violento;
Pois se que a compaixĂŁo do seu castigo
Há de aumentar depois o meu tormento.