À Vaidade do Mundo
É a vaidade, Fábio, desta vida
Rosa que na manhã lisonjeada
Púrpuras mil com ambição coroada
Airosa rompe, arrasta presumida;É planta que de Abril favorecida
Por mares de soberba desatada,
Florida galera empavezada,
Surca ufana, navega destemida;É nau, enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de fénix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza.Mas ser planta, rosa e nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
Sonetos sobre Fénix
2 resultados Sonetos de fénix escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.
Soneto XXIX
Que mal é este meu tão diferente?
Não é dos males grandes natureza
Ou se acabarem logo sem firmeza,
Ou acabarem logo a quem os sente?Seu natural custume não consente
Minha ventura, pois minha fraqueza
Como dura: do mal tem fortaleza
Por mais tempo sentir meu acidente.Sou qual Fénix que morre e ressuscita,
Ou como Prometeu que lá se queixa,
E por sentir mais dor se não consume.Não dizem que o costume e tempo incita
A não sentir-se a dor: té nisto deixa
O tempo, e o custume, seu custume.