Soneto da Nudez
Há um misto de azul e trevas agitadas
Nesse felino olhar de lĂşbrica bacante.
Quando lhe cai aos pés a roupa flutuante,
Contemplo, mudo e absorto, as formas recatadas.Nessa mulher esplende um poema deslumbrante
De volĂşpia e langor; em noites tresloucadas
Que suave nĂŁo Ă© nas rosas perfumadas
De seus lábios beber o aroma inebriante!Fascina, quando a vejo à noite seminua,
Postas as mĂŁos no seio, onde o desejo estua,
A boca descerrada, amortecido o olhar…Fascina, mas sua alma Ă© lodo, onde nĂŁo pousa
Um raio dessa aurora, o amor, sublime cousa!
Raio de luz perdido em tormentoso mar!
Sonetos sobre Forma de António Cândido Gonçalves Crespo
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