Sonetos sobre Fortes de Manuel Maria Barbosa du Bocage

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Sonetos de fortes de Manuel Maria Barbosa du Bocage. Leia este e outros sonetos de Manuel Maria Barbosa du Bocage em Poetris.

Em SĂłrdida Masmorra Aferrolhado

Em sĂłrdida masmorra aferrolhado,
De cadeias aspérrimas cingido,
Por ferozes contrários perseguido,
Por lĂ­nguas impostoras criminado:

Os membros quase nus, o aspecto honrado
Por vil boca, e vil mĂŁo roto, e cuspido,
Sem ver um sĂł mortal compadecido
De seu funesto, rigoroso estado:

O penetrante, o bárbaro instrumento
De atroz, violenta, inevitável morte
Olhando já na mão do algoz cruento:

Inda assim, nĂŁo maldiz a inĂ­qua sorte
Inda assim tem prazer, sossego, alento,
O sábio verdadeiro, o justo, o forte.

Em louvor do grande Camões

Sobre os contrários o terror e a morte
Dardeje embora Aquiles denodado,
Ou no rápido carro ensanguentado
Leve arrastos sem vida o Teuco forte:

Embora o bravo MacedĂłnio corte
Coa fulminante espada o nĂł fadado,
Que eu de mais nobre estĂ­mulo tocado,
Nem lhe amo a glĂłria, nem lhe invejo a sorte:

Invejo-te, Camões, o nome honroso;
Da mente criadora o sacro lume,
Que exprime as fĂşrias de Lieu raivoso:

Os ais de InĂŞs, de VĂ©nus o queixume,
As pragas do gigante proceloso,
O céu de Amor, o inferno do Ciúme.