Queixam-se Todos os Defuntos
NĂłs, abaixo assinados pela terra,
clamamos, de que em tanta mortandade
nĂŁo tenha entrado MĂ©dico, nem Frade;
e que só faça a morte aos pobres guerra!Dirå a morte que pouco ou nada erra,
em desviar de toda a enfermidade
a dois que sĂŁo da sua faculdade;
porque o MĂ©dico mata e o Frade enterra.Replicamos: que as tumbas com frequĂȘncias,
andam cĂĄ por estreitos pecadores,
sem subirem Ă s largas consciĂȘncias.DirĂĄ tambĂ©m que os tais sĂŁo matadores;
e Ă© preciso que tenha dependĂȘncias
a morte com Ministros e Senhores.[Queixam-se todos os defuntos, que houve na epidemia que padeceu Lisboa, no ano de 1723]
Sonetos sobre FrequĂȘncia
2 resultados Sonetos de frequĂȘncia escritos por poetas consagrados, filĂłsofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.
Erros Meus, MĂĄ Fortuna, Amor Ardente
Erros meus, mĂĄ Fortuna, Amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.Tudo passei; mas tenho tĂŁo presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que jĂĄ as frequĂȘncias suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!