Sonetos sobre Gosto de Abade de Jazente

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Sonetos de gosto de Abade de Jazente. Leia este e outros sonetos de Abade de Jazente em Poetris.

Ora Nize

Ora Nize se ri, ora lamenta,
Ora se of’rece, ora se dificulta
Ora em nada me aceita, ora me multa
Ora me anima, ora me desalenta:

Ora gostos me dá, ora atormenta;
Ora se deixa ver, ora se oculta;
Ora mimos me faz, ora me insulta;
Ora toda é bonança, ora tormenta:

Ora me faz gelar, ora me acende;
Ora aleito me dá, ora me espanta,
Ora solto me traz, ora me prende:

Ora triste me tem, ora me encanta;
Ora sim, ora não; ninguém a entende,
Ora é um Diabo, ora é uma Santa.

Enquanto to Permite a Mocidade

Enquanto to permite a mocidade,
Teu Pai disfarça, tua Mãe consente,
E enquanto, Nize, a moda o não desmente
Nos brincos gasta a flor da tua idade.

Joga, dança, conversa, e a variedade,
Que causa tanta prenda, assombre a gente;
Deixa-te ver, que o Século presente
Hoje chama ao pudor rusticidade.

Os corações de quem te aplaude enlaça:
desfruta o tempo: e tem por aforismo
Que o gosto é fugitivo, a sorte escassa

Engolfa-te de amor no doce abismo;
Busca o prazer; a vida alegre passa;
Logra-te enfim; que o mais é fanatismo.