Sonetos sobre Harmonia de Afonso Duarte

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Sonetos de harmonia de Afonso Duarte. Leia este e outros sonetos de Afonso Duarte em Poetris.

Hora MĂ­stica

Noite caindo … CĂ©u de fogo e flores.
Voz de CrepĂșsculo exalando cores,
O céu vai cheio de Deus e de harmonia.
SilĂȘncio … Eis-me rezando aos fins do dia.

NĂ©voa de luz criando imagens na ĂĄgua,
Nome das åguas esculpindo os céus,
Tarde aos relevos hĂșmidos de frĂĄgua,
Boca da noite, eis-me rezando a Deus.

Eis-me entoando, a voz de cinza e ouro,
— Oh, cores na água vindo às mãos em branco! —
Minha Ăłpera de Sol ao Ășltimo arranco.

E, oh! hora mĂ­stica em que o olhar abraso,
— Sol expirando aos Pórticos do Ocaso! —
Dobra em meu peito um oceano em coro.

Amor

Por teu ventre começa a minha vida,
Por teus olhos a estrela que me guia.
Amor, que Deus te salve! — Ave-Maria
Cheia de Graça ó Bem-Aparecida.

Por meu e por teu verbo de harmonia
Se farĂĄ eterna origem comovida
De outros frutos de Amor! — Ave-Maria,
Senhora da minh’alma apetecida.

E meu sangue amoroso e produtivo
Se farĂĄ carne e espĂ­rito fecundo
À tua imagem noutro corpo vivo.

E assim ambos, Amor, iremos ser
Seio da vida originando o mundo
Por teu ventre bendito de Mulher.