Na Aldeia
A CristĂłvĂŁo Aires
Duas horas da tarde. Um sol ardente
Nos colmos dardejando, e nos eirados.
Sobreleva aos sussurros abafados
O grito das bigornas estridente.A taberna Ă© vazia; mansamente
Treme o loureiro nos umbrais pintados;
Zumbem Ă porta insectos variegados,
Envolvidos do sol na luz tremente.Fia Ă soleira uma velhinha: o filho
No céu mal acordou da aurora o brilho
Saiu para os cansaços da lavoura.A nora lava na ribeira, e os netos
Ao longe correm seminus, inquietos,
No mar ondeante da seara loura.
Sonetos sobre Horas de António Cândido Gonçalves Crespo
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O RelĂłgio
EbĂşrneo Ă© o mostrador: as horas sĂŁo de prata
LĂŞ-se a firma Breguet por baixo do gracioso
Rendilhado ponteiro; a tampa Ă© enorme e chata:
Nela o esmalte produz um quadro delicioso.Repara: eis um salĂŁo: casquilho malicioso
Das festas cortesĂŁs o mimo, a flor, a nata,
Junto a um cravo sonoro a alegre voz desata.
Uma fidalga o escuta Ă©bria de amor e gozo.Rasga-se ampla a janela; ao longe o olhar descobre
O correto jardim e o parque extenso e nobre.
As nuvens no alto céu flutuam como espumas.Da paisagem no fundo, em lago transparente,
Onde se espelha o azul e o laranjal frondente,
Um cisne Ă luz do sol estende as nĂveas plumas.