Soneto V – Ă€ Sra. Marieta Landa
Disseste a nota amena d’alegria,
E, arrebatado entĂŁo nesse momento
De um doce, divinal contentamento,
Eu senti que minh’alma aos cĂ©us subia.Disseste a nota da melancolia,
Negra nuvem toldou-me o pensamento;
Senti que agudo espinho virulento
Do coração as fibras me rompia.És anjo ou nume, tu que desta sorte
Trazes o peito humano arrebatado
Em sucessivo e rápido transporte?!Anjo ou nume não és; mas, se te é dado
No canto dar a vida, ou dar a morte,
Tens nas mĂŁos teu Porvir, teu bem, teu fado.
Sonetos sobre Humanos de Laurindo Rabelo
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Soneto IX
Para do mundo dar completo cabo,
Lá do negro recinto o soberano
Meditava a forjar horrĂvel plano
Coçando a grenha, sacudindo o rabo.Merecedor enfim de imenso gabo,
Eis o que assim disse muito ufano:
Para a missão cumprir — digesto humano
Quero fazer — que nasça hoje um diabo.E o 23 de maio nisso raia…
TeotĂ´nio nasceu, e a fama soa
Jamais ter visto infame dessa laia.Pois para SatĂŁ ser mesmo em pessoa,
Traja, qual bruxa velha, negra saia,
Como o rei dos bandalhos tem coroa.