Há em Toda a Beleza uma Amargura

Há em toda a beleza uma amargura
secreta e confundida que Ă© latente
ambígua indecifrável duplamente
oculta a si e a quem na olhar obscura

NĂŁo fica igual aos vivos no que dura
e a nĂŁo pode entender qualquer vivente
qual no cabelo orvalho ou brisa rente
quanto mais perto mais se desfigura

Ficando como Helena Ă  luz do ocaso
a lĂ­ngua dos dois reinos nĂŁo lhe Ă© azo
senão de apartar tranças ofuscante

Mas Ă  tua beleza nĂŁo foi dado
qual morte a abrir teu juvenil estado
crescer e nomear-se em cada instante?

Tradução de Vasco Graça Moura