Sonetos sobre InĂșteis de Antero de Quental

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Sonetos de inĂșteis de Antero de Quental. Leia este e outros sonetos de Antero de Quental em Poetris.

Enquanto outros Combatem

Empunhasse eu a espada dos valentes!
Impelisse-me a acção, embriagado,
Por esses campos onde a Morte e o Fado
Dão a lei aos reis trémulos e ås gentes!

Respirariam meus pulmÔes contentes
O ar de fogo do circo ensanguentado…
Ou caĂ­ra radioso, amortalhado
Na fulva luz dos glĂĄdios reluzentes!

JĂĄ nĂŁo veria dissipar-se a aurora
De meus inĂșteis anos, sem uma hora
Viver mais que de sonhos e ansiedade!

JĂĄ nĂŁo veria em minhas mĂŁos piedosas
Desfolhar-se, uma a uma, as tristes rosas
D’esta pĂĄlida e estĂ©ril mocidade!

Nox

Noite, vĂŁo para ti meus pensamentos,
Quando olho e vejo, Ă  luz cruel do dia,
Tanto estéril lutar, tanta agonia,
E inĂșteis tantos ĂĄsperos tormentos…

Tu, ao menos, abafas os lamentos,
Que se exalam da trĂĄgica enxovia…
O eterno Mal, que ruge e desvaria,
Em ti descansa e esquece alguns momentos…

Oh! Antes tu também adormecesses
Por uma vez, e eterna, inalterĂĄvel,
Caindo sobre o Mundo, te esquecesses,

E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver,
Dormisse no teu seio inviolĂĄvel,
Noite sem termo, noite do NĂŁo-ser!