O RelĂłgio
EbĂşrneo Ă© o mostrador: as horas sĂŁo de prata
LĂŞ-se a firma Breguet por baixo do gracioso
Rendilhado ponteiro; a tampa Ă© enorme e chata:
Nela o esmalte produz um quadro delicioso.Repara: eis um salĂŁo: casquilho malicioso
Das festas cortesĂŁs o mimo, a flor, a nata,
Junto a um cravo sonoro a alegre voz desata.
Uma fidalga o escuta Ă©bria de amor e gozo.Rasga-se ampla a janela; ao longe o olhar descobre
O correto jardim e o parque extenso e nobre.
As nuvens no alto céu flutuam como espumas.Da paisagem no fundo, em lago transparente,
Onde se espelha o azul e o laranjal frondente,
Um cisne Ă luz do sol estende as nĂveas plumas.
Sonetos sobre Janelas de António Cândido Gonçalves Crespo
2 resultados Sonetos de janelas de António Cândido Gonçalves Crespo. Leia este e outros sonetos de António Cândido Gonçalves Crespo em Poetris.
Fervet Amor
Dá para a cerca a estreita e humilde cela
Dessa que os seus abandonou, trocando
O calor da famĂlia ameno e brando
Pelo claustro que o sangue esfria e gela.Nos florões manuelinos da janela
Papeiam aves o seu ninho armando,
VĂŞem-se ao longe os trigos ondulando ..
Maio sorri na Pradaria bela.Zumbe o inseto na flor do rosmaninho:
Nas giestas pousa a abelha Ă©bria de gozo:
Zunem besouros e palpita o ninho.E a freira cisma e cora, ao ver, ansioso,
Do seu catre virgĂneo sobre o linho
Um par de borboletas amoroso.