A Morte, esse Lugar-Comum
Ă trivial a morte e hĂĄ muito se sabe
fazer – e muito a tempo! – o trivial.
Se nĂŁo fui eu quem veio no jornal,
foi uma tosse a menos na cidade…A caminho do verme, uma beldade
â nĂŁo dirias assim, Gomes Leal? â
vai ser coberta pela mesma cal
que tapa a mais intensa fealdade.Um crocitar de corvo fica bem
neste anĂșncio de morte para alguĂ©m
que nĂŁo vĂȘ n’alheia sorte a prĂłpria sorte…Mas por que nĂŁo dizer, com maior nojo,
que um menino saiu do imenso bojo
de sua mĂŁe, para esperar a morte?…
Sonetos sobre Jornal
2 resultados Sonetos de jornal escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.
Elegia para Santa Rosa
Aurora chega, e permaneces fria
noite, imobilizado, cego e mudo
Ă s coisas das manhĂŁs que amanhecias:
cavalete, jornal, café no bule.O mundo neutro e nu pede a pintura;
a tela virgem, teu pincel tranquilo,
As cores vĂȘm chorando pela rua,
entram no atelier branco e vazio.Quais os murais que irĂĄs compor no muro,
entre o que foste e o que serĂĄs, erguido,
o indevassĂĄvel muro eterno e duro?Ai, Santa, pesam sobre nĂłs os dias
desta sobrevivĂȘncia que te usurpa
o espaço e o tempo que te pertenciam.