Horas De Sombra
Horas de sombra, de silĂȘncio amigo
Quando hĂĄ em tudo o encanto da humildade
E que o anjo branco e belo da saudade
Roga por nĂłs o seu perfil antigo.Horas que o coração nĂŁo vĂȘ perigo
De gozar, de sentir com liberdade…
Horas da asa imortal da Eternidade
Aberta sobre tumular jazigo.Horas da compaixĂŁo e da clemĂȘncia,
Dos segredos sagrados da existĂȘncia,
De sombras de perdão sempre benditas.Horas fecundas, de mistério casto,
Quando dos céus desce, profundo e vasto,
O repouso das almas infinitas.
Sonetos sobre Liberdade de Cruz e Souza
4 resultadosCĂĄrcere Das Almas
Ah! Toda a alma num cĂĄrcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhÔes as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.à almas presas, mudas e fechadas
Nas prisÔes colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funĂ©reo!Nesses silĂȘncios solitĂĄrios, graves,
que chaveiro do CĂ©u possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
Ansiedade
Esta ansiedade que nos enche o peito
Enche o céu, enche o mar, fecunda a terra.
Ela os germens purĂssimos encerra
Do Sentimento lĂmpido, perfeito.Em jorros cristalinos o direito,
A paz vencendo as convulsÔes da guerra,
A liberdade que abre as asas e erra
Pelos caminhos do Infinito eleito.Tudo na mesma ansiedade gira,
Rola no Espaço, dentre a luz suspira
E chora, chora, amargamente chora…Tudo nos turbilhĂ”es da Imensidade
Se confunde na trĂĄgica ansiedade
Que almas, estrelas, amplidÔes devora.
Auréola Equatorial
A Teodoreto Souto
Fundi em bronze a estrofe augusta dos prodĂgios,
Poetas do Equador, artĂsticos Barnaves;
Que o facho — Abolição — rasgando as nuvens graves
De raios e bulcĂ”es — triunfa nos litĂgios!— O rei Mamoud, o Sol, vibrou p’raquelas bandas
do Norte — a grande luz — elĂ©trico, explodindo,
Assim como quem vai, intrépido, subindo
Ă luz da idade nova — em claras propagandas.— Os pĂĄssaros titĂŁs nos seus conciliĂĄbulos,
— Chilreiam, vĂŁo cantando em mĂsticos vocĂĄbulos,
Alargam-se os pulmĂ”es nevrĂĄlgicos das zonas;Abri alas, abri! — Que em tĂșnica de assombros,
IrĂĄ passar por vĂłs, com a Liberdade aos ombros,
Como um colosso enorme o impĂĄvido Amazonas!