Sonetos sobre Livres de Cláudio Manuel da Costa

2 resultados
Sonetos de livres de Cláudio Manuel da Costa. Leia este e outros sonetos de Cláudio Manuel da Costa em Poetris.

LIV

Ninfas gentis, eu sou, o que abrasado
Nos incĂŞndios de Amor, pude alguma hora,
Ao som da minha cĂ­tara sonora,
Deixar o vosso império acreditado.

Se vĂłs, glĂłrias de amor, de amor cuidado,
Ninfas gentis, a quem o mundo adora,
NĂŁo ouvis os suspiros, de quem chora,
Ficai-vos; eu me vou; sigo o meu fado.

Ficai-vos; e sabei, que o pensamento
Vai tĂŁo livre de vĂłs, que da saudade
NĂŁo receia abrasar-se no tormento.

Sim; que solta dos laços a vontade,
Pelo rio hei de ter do esquecimento
Este, aonde jamais achei piedade.

XLVI

NĂŁo vĂŞs, Lise, brincar esse menino
Com aquela avezinha? Estende o braço;
Deixa-a fugir; mas apertando o laço,
A condena outra vez ao seu destino?

Nessa mesma figura, eu imagino,
Tens minha liberdade; pois ao passo,
Que cuido, que estou livre do embaraço,
EntĂŁo me prende mais meu desatino.

Em um contĂ­nuo giro o pensamento
Tanto a precipitar-me se encaminha,
Que nĂŁo vejo onde pare o meu tormento.

Mas fora menos mal esta ânsia minha,
Se me faltasse a mim o entendimento,
Como falta a razĂŁo a esta avezinha.