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Hirta e branca… Repousa a sua áurea cabeça
Numa almofada de cetim bordada em lĂrios.
Ei-la morta afinal como quem adormeça
Aqui para sofrer AlĂ©m novos martĂrios.De mĂŁos postas, num sonho ausente, a sombra espessa
Do seu corpo escurece a luz dos quatro cĂrios:
Ela faz-me pensar numa ancestral Condessa
Da Idade MĂ©dia, morta em sagrados delĂrios.Os poentes sepulcrais do extremo desengano
VĂŁo enchendo de luto as paredes vazias,
E velam para sempre o seu olhar humano.Expira, ao longe, o vento, e o luar, longinquamente,
Alveja, embalsamando as brancas agonias
Na sonolenta paz desta Câmara-ardente…
Sonetos sobre MĂ©dias
2 resultados Sonetos de médias escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.
Soneto 252 Qualitativo
Repito que um Ă© dote, dois Ă© dom,
mas três já é defeito, tenha dó!
Camões fez “Alma minha” e o do JacĂł:
Terceiro Ă© mui difĂcil ser tĂŁo bom.A tanto inda acrescento, alto e bom som:
Falar de sentimento, por si sĂł,
nĂŁo faz de nenhum verso um pĂŁo-de-lĂł,
nem temas de bom tom sĂŁo sĂł bombom.Fazer soneto Ă s pencas, outrossim,
não dá patente máxima a ninguém,
nem livra alguĂ©m do nĂvel do ruim.Fiquemos no bom senso, que mantĂ©m
a média de dois bons, até pra mim,
que, perto de Camões, sou muito aquém.