Sonho Africano
Ei-lo em sua choupana. A lĂąmpada, suspensa
Ao teto, oscila; a um canto, um velho e ervado fimbo;
Entrando, porta dentro, o sol forma-lhe um nimbo
Cor de cinĂĄbrio em torno Ă carapinha densa.Estira-se no chĂŁo… Tanta fadiga e doença!
Espreguiça, boceja… O apagado cachimbo
Na boca, nessa meia escuridĂŁo de limbo,
Mole, semicerrando os dĂșbios olhos, pensa…Pensa na pĂĄtria, alĂ©m… As florestas gigantes
Se estendem sob o azul, onde, cheios de mĂĄgoa,
Vivem negros reptis e enormes elefantes…Calma em tudo. Dardeja o sol raios tranquilos…
Desce um rio, a cantar… Coalham-se Ă tona d’ĂĄgua
Em compacto apertĂŁo, os velhos crocodilos…
Sonetos sobre Meias de Francisca JĂșlia da Silva
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RĂșstica
Da casinha, em que vive, o reboco alvacento
Reflete o ribeirĂŁo na ĂĄgua clara e sonora.
Este Ă© o ninho feliz e obscuro em que ela mora;
AlĂ©m, o seu quintal, este, o seu aposento.Vem do campo, a correr; e Ășmida do relento,
Toda ela, fresca do ar, tanto aroma evapora
Que parece trazer consigo, lĂĄ de fora,
Na desordem da roupa e do cabelo, o vento…E senta-se. CompĂ”e as roupas. Olha em torno
Com seus olhos azuis onde a inocĂȘncia bĂłia;
Nessa meia penumbra e nesse ambiente morno,Pegando da costura Ă luz da clarabĂłia,
PÔe na ponta do dedo em feitio de adorno,
O seu lindo dedal com pretensĂŁo de jĂłia.