Triunfo Supremo
Quem anda pelas lágrimas perdido,
Sonâmbulo dos trágicoa flagelos,
É quem deixou para sempre esquecido
O mundo e os fúteis ouropéis mais belos!É quem ficou no mundo redimido,
Expurgado dos vĂcios mais singelos
E disse a tudo o adeus indefinido
E desprendeu-se dos carnais anelos!É quem entrou por todas as batalhas
As mãos e os pés e o flanco ensangüentado,
Amortalhado em todas as mortalhas.Quem florestas e mares foi rasgando
E entre raios, pedradas e metralhas,
Ficou gemendo mas ficou sonhando!
Sonetos sobre Mortalhas de Cruz e Souza
2 resultados Sonetos de mortalhas de Cruz e Souza. Leia este e outros sonetos de Cruz e Souza em Poetris.
Nerah
(Inspirado no elegante conto de VirgĂlio Várzea)
A VĂtor LobatoNerah nĂŁo brinca mais, nĂŁo dança mais. — E agora
Que vĂŁo-se apropinquando os tempos invernosos,
Nerah traz uns receios tĂmidos, nervosos,
De quem teme mudar-se em noite, sendo aurora.Seus sonhos de cristal, translĂşcidos, antigos
Se vĂŁo embora, embora Ă vinda dos invernos,
Seguindo em debandada os úmidos galernos —
— lembrando um roto bando informe de mendigos.Não canta o sabiá que triste na gaiola,
Parece, com o olhar, pedir-lhe a casta esmola
De um riso — aquela flor que esvai-se, branca e fria.Em tudo a fina seta aguda de aflições!
Na própria atmosfera um caos de interjeições!
Em tudo uma mortalha, em tudo uma agonia.