Queixam-se Todos os Defuntos
Nós, abaixo assinados pela terra,
clamamos, de que em tanta mortandade
não tenha entrado Médico, nem Frade;
e que só faça a morte aos pobres guerra!Dirá a morte que pouco ou nada erra,
em desviar de toda a enfermidade
a dois que são da sua faculdade;
porque o Médico mata e o Frade enterra.Replicamos: que as tumbas com frequências,
andam cá por estreitos pecadores,
sem subirem às largas consciências.Dirá também que os tais são matadores;
e é preciso que tenha dependências
a morte com Ministros e Senhores.[Queixam-se todos os defuntos, que houve na epidemia que padeceu Lisboa, no ano de 1723]
Sonetos sobre Morte de Tomás Pinto Brandão
2 resultados Sonetos de morte de Tomás Pinto Brandão. Leia este e outros sonetos de Tomás Pinto Brandão em Poetris.
Epitáfio
Caminhante que vais tão de corrida.
Pois em nada reparas na jornada.
Repara por tua vida no meu nada.
Que foi toda uma morte a minha vida.Também do mundo andei muito partida,´
Posto que em diligência mal parada,
E por não ser verdade incorporada
Uma mentira sou desvanecida.Eu tive ocupação sem exercício,
Eu fui mui conhecido sem ter nome,
Eu, ingrato, morri sem benefício.Exemplo toma de mim, ó pobre homem,
Que se tratares mal, vives de vício,
E se viveres bem, morres de fome