Onde o Homem nĂŁo Chega
Onde o Homem nĂŁo chega tudo Ă© puro,
dessa pureza da primeira infância.
Tudo é medida, ritmo, concordância,
tudo é claro e auroral: a noite, o escuro.E nem o vendaval é dissonância
mas promessa de sol e de futuro.
Quem levantou esse primeiro Muro
que do perto fez longe, ergueu distância?Foi o Homem, com suas mãos de barro,
com suas mĂŁos perjuras, fel e sarro
de inútil sofrimento e vil prazer.Não é tarde, porém: sacode a lama,
ergue o facho, levanta a Deus a chama
e recomeça: acabas de nascer.
Sonetos sobre Muro de Fernanda de Castro
2 resultados Sonetos de muro de Fernanda de Castro. Leia este e outros sonetos de Fernanda de Castro em Poetris.
Alma Serena
Alma serena, a consciĂŞncia pura,
assim eu quero a vida que me resta.
Saudade nĂŁo Ă© dor nem amargura,
dilui-se ao longe a derradeira festa.NĂŁo me tentam as rotas da aventura,
agora sei que a minha estrada Ă© esta:
difĂcil de subir, áspera e dura,
mas branca a urze, de oiro puro a giesta.Assim meu canto fácil de entender,
como chuva a cair, planta a nascer,
como raiz na terra, água corrente.TĂŁo fácil o difĂcil verso obscuro!
Eu não canto, porém, atrás dum muro,
eu canto ao sol e para toda a gente.