Anfitrite
Louco, Ă s doudas, roncando, em lĂĄtegos, ufano,
O vento o seu furor colĂ©rico passeia…
Enruga e torce o manto Ă prateada areia
Da praia, zune no ar, encarapela o oceano.A seus uivos, o mar chora o seu pranto insano,
Grita, ulula, revolto, e o largo dorso arqueia;
Perdida ao longe, como um pĂĄssaro que anseia,
Alva e esguia, uma nau avança a todo o pano.Sossega o vento; cala o oceano a sua mågoa;
Surge, esplĂȘndida, e vem, envolta em ĂĄurea bruma,
Anfitrite, e, a sorrir, nadando Ă tona d’ĂĄgua,LĂĄ vai… mostrando Ă luz suas formas redondas,
Sua clara nudez salpicada de espuma,
Deslizando no glauco amĂculo das ondas.
Sonetos sobre Naus de Francisca JĂșlia da Silva
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