Versos D’um Exilado

Eu vou partir. Na lĂ­mpida corrente
Rasga o batel o leito d’água fina
– Albatroz deslizando mansamente
Como se fosse vaporosa Ondina.

Exilado de ti, oh! PĂĄtria! Ausente
Irei cantar a mĂĄgoa peregrina
Como canta o pastor a matutina
Trova d’amor, à luz do sol nascente!

NĂŁo mais virei talvez e, lĂĄ sozinho,
Hei de lembrar-me do meu pĂĄtrio ninho,
D’onde levo comigo a nostalgia

E esta lembrança que hoje me quebranta
E que eu levo hoje como a imagem santa
Dos sonhos todos que jĂĄ tive um dia!