Sonetos sobre Olhar de Ant贸nio Gomes Leal

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Sonetos de olhar de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros sonetos de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Os Brilhantes

N茫o ha mulher mais pallida e mais fria,
E o seu olhar azul vago e sereno
Faz como o effeito d’um luar ameno
Na sua tez que 茅 morbida e macia.

Como Levana … esta mulher sombria
Traz a Morte cruel ao seu aceno,
O Suicidio e a D么r!… Lembra do Rheno
Um conto, 谩 luz crepuscular do dia.

Por isso eu nunca invejo os seus amantes!
– E em quanto hontem, gabavam seus brilhantes,
No theatro, com vistas fascinadas…

Tortura das vis玫es… incomprehensiveis!
Em vez d’elles, cri ver brilhar – horriveis
E verdadeiras lagrimas geladas!

Na Rua

Veijo-a sempre passar s茅ria, constante,
– 脌s vezes, inclinada na janella, –
Tranquilla, fria, e pallido o semblante,
Como uma santa triste de capella.

Seu riso sem callor como o brilhante
No nosso labio o proprio riso gella,
E ella nasceu para chorar diante
D’um Christo n’uma estreita e escura cella.

Seu olhar virginal como as crian莽as
Jamais disse do amor as cousas mansas;
Jamais vergou da For莽a ao choque rude.

Abrasa-a um fogo divinal secreto! –
eu sinto, mal a avisto, ao seu aspecto,
O brio intenso e negro da Virtude.