Sonetos sobre Palácios de Cruz e Souza

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Sonetos de palácios de Cruz e Souza. Leia este e outros sonetos de Cruz e Souza em Poetris.

Renascimento

A Alma nĂŁo fica inteiramente morta!
Vagas Ressurreições do Sentimento
Abrem já, devagar, porta por porta,
Os palácios reais do Encantamento!

Morrer! Findar! Desfalecer! que importa
Para o secreto e fundo movimento
Que a alma transporta, sublimiza e exorta,
Ao grande Bem do grande Pensamento!

Chamas novas e belas vĂŁo raiando,
VĂŁo se acendendo os lĂ­mpidos altares
E as almas vĂŁo sorrindo e vĂŁo orando…

E pela curva dos longĂ­nquos ares
Ei-las que vĂŞm, como o imprevisto bando
Dos albatrozes dos estranhos mares…

Na Mazurka

Morava num palácio — estranha BabilĂ´nia
De arcadas colossais, de impávidos zimbórios,
Alcovas de damasco e torreões marmóreos,
Volutas primorais de arquitetura jĂ´nia.

Assim, quando surgia em meio aos peristilos
Descendo, qual mulher de SĂ©fora, vaidosa,
Envolta em ouropéis, em sedas, luxuosa,
Cercam-na do belo os mĂ­sticos sigilos!

E quando nos saraus, assim como um rainĂşnculo,
O lábio lhe tremia e o olhar, vivo carbúnculo,
Vibrava nos salões, como uma adaga turca,

Ou como o sol em cheio e rubro sobre o BĂłsforo,
— nos crânios os Homens sentiam ter mais fĂłsforo…
Ao vĂŞ-la escultural no passo da Mazurka…