Sentimento Esquisito
Ó céu estéril dos desesperados,
Forma impassĂvel de cristas sidĂ©reo,
Dos cemitérios velho cemitério
Onde dormem os astros delicados.Pátria d’estrelas dos abandonados,
Casulo azul do anseio vago, aéreo,
Formidável muralha de mistério
Que deixa os corações desconsolados.Céu imóvel milênios e milênios,
Tu que iluminas a visĂŁo dos GĂŞnios
E ergues das almas o sagrado acorde.Céu estéril, absurdo, céu imoto,
Faz dormir no teu seio o Sonho ignoto,
Esta serpente que alucina e morde…
Sonetos sobre Pátria de Cruz e Souza
3 resultadosRompeu-Se O Denso VĂ©u Do Atroz Marasmo
Rompeu-se o denso véu do atroz marasmo
E como por fatal, negro hebetismo
De antro sepulcral, de fundo abismo
O povo ressurgiu com entusiasmo!O Zoilo mazorral se queda pasmo
Supõe quimera ser, ser cataclismo
Roga, já por dobrez, por ceticismo
De nĂ©scio, vil truĂŁo solta o sarcasmo.PerdĂŁo, Filho da Luz, minh’alma exora,
Porém, a pátria diz, somente agora
Os grilhões biparti de atroz moleza!E ele, o nosso herói já redivivo
De pé, sem se curvar, sereno, altivo
Co’as raias do porvir mede a grandeza!
GlĂłrias Antigas
Rubras como gauleses arruivados,
Voltam da guerra as hostes triunfantes,
Trazem nas lanças d’aço lampejantes,
Os louros das batalhas pendurados.Os escudos e arneses dos soldados
Rutilam como lascas de diamantes
E na armadura os mĂşsculos vibrantes,
Rijos, palpitam, batem nervurados.Dentre estandartes, flâmulas de cores,
Trazem dos olhos rufos de tambores,
RuĂdos de alegria estranha e louca.Chegam por fim, Ă pátria vitoriosa…
E entĂŁo, da ardente glĂłria belicosa,
Há um grito vermelho em cada boca!