Soneto 233 Sonetado
Já li Lope de Vega e li Gregório,
pois ambos sonetaram do soneto,
seara na qual minha foice meto,
tentando fazer algo meritório.Não quero usar o mesmo palavrório,
mas pilho-me, no meio do quarteto,
montando a anatomia do esqueleto.
No oitavo verso, o alívio é provisório.Contagem regressiva: faltam cinco.
Mais quatro, e fico livre do problema.
Agora faltam três… Deus, dai-me afinco!Com dois acabo a porra do poema.
Caralho! Só mais um! Até já brinco!
Gozei! Matei a pau! Que puta tema!
Sonetos sobre Paus de Glauco Mattoso
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Soneto 270 A Dercy Gonçalves
Recusa-se a morrer. Não morrerá.
Talvez caricatura, a sua vida,
vestal, velha vedete travestida,
inverte o que o pariu pra puta vá.Vai ser a cibernética babá
de toda meninice reprimida.
Ninguém faz saturnal se não convida
a nossa sideral gueixa gagá.Mostrou a perereca da vizinha
apenas pra alegrar a garotada.
Com ela é pau no cu da carochinha.Pôs cada palavrão numa piada.
Passou. Não passará. Brilha sozinha.
Estrela d’Alva, salva da alvorada.