XXVI
NĂŁo vĂŞs, Nise, este vento desabrido,
Que arranca os duros troncos? NĂŁo vĂŞs esta,
Que vem cobrindo o céu, sombra funesta,
Entre o horror de um relâmpago incendido?Não vês a cada instante o ar partido
Dessas linhas de fogo? Tudo cresta,
Tudo consome, tudo arrasa, e infesta,
O raio a cada instante despedido.Ah! não temas o estrago, que ameaça
A tormenta fatal; que o CĂ©u destina
Vejas mais feia, mais cruel desgraça:Rasga o meu peito, já que és tão ferina;
Verás a tempestade, que em mim passa;
Conhecerás entĂŁo, o que Ă© ruĂna.
Sonetos sobre Peito de Cláudio Manuel da Costa
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XLVIII
Traidoras horas do enganoso gosto,
Que nunca imaginei, que o possuĂa,
Que ligeiras passastes! mal podia
Deixar aquele bem de ser suposto.Já de parte o tormento estava posto;
E meu peito saudoso, que isto via,
As imagens da pena desmentia,
Pintando da ventura alegre o rosto.Desanda então a fábrica elevada,
Que o plácido Morfeu tinha erigido,
Das espécies do sono fabricada:Então é, que desperta o meu sentido,
Para observar na pompa destroçada,
Verdadeira a ruĂna, o bem fingido.