Antes de Amar-te Eu nada Tinha
Antes de amar-te, amor, eu nada tinha:
vacilei pelas ruas e pelas coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que aguardava.Conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que teimavam sobre a areia.Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e abatido,
tudo era inalienavelmente alheio,tudo era dos outros e de ninguém,
até que a tua beleza e a tua pobreza
encheram o outono de presentes.
Sonetos sobre Perguntas de Pablo Neruda
2 resultados Sonetos de perguntas de Pablo Neruda. Leia este e outros sonetos de Pablo Neruda em Poetris.
Prende o Teu Coração ao Meu
De noite, amada, prende o teu coração ao meu
e que no sono eles dissipem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.Nocturna travessia, brasa negra do sono
interceptando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade dum comboio desvairado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.Por isso, amor, prende-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas dum cisne submerso,para que às perguntas estreladas do céu
responda o nosso sono com uma única chave,
com uma única porta fechada pela sombra.