Sonetos sobre PĂ©s de Agostinho da Cruz

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Sonetos de pés de Agostinho da Cruz. Leia este e outros sonetos de Agostinho da Cruz em Poetris.

Da Emenda

Concluido me tendo a mi comigo
De deixar o caminho que levava,
Vendo com razões claras quanto errava
Em nĂŁo me desviar do mais antigo.

Pois no trabalho seu, no mor perigo,
Meu amigo consigo a mi me achava;
E quando no meu mal algum buscava,
Achava-me comigo sem amigo.

Agora dei a volta por caminhos
De solitarios bosques enramados,
De feras bravas mansos passarinhos;

Que ainda que entre espinhos conversados,
Mais quero pé descalço entre espinhos,
Que dos homens humanos espinhados.

Ă€ Morte

Os correos da morte sĂŁo chegados,
Por caminhos antigos, impedidos,
Mal com meus olhos, mal com meus ouvidos,
Mal com meus pés, do chão mal levantados.

E mal, por nĂŁo chorar bem meus pecados,
Que sendo sete, e cinco, meus sentidos,
Por serem tantas vezes repetidos,
Impossível será serem contados.

Se nĂŁo viera a morte acompanhada
Da conta, que dar devo tĂŁo estreita,
NĂŁo fora tĂŁo penosa imaginada.

Mas a que vivo ou morto tenho feita,
Tenho com meu Senhor na cruz pregada,
Onde o ladrĂŁo contrito nĂŁo se enjeita.