Soneto Sonhado
Meu tudo, minha amada e minha amiga,
Eis, compendiada toda num soneto,
A minha profissão de fé e afeto,
Que Ă confissĂŁo, posto aos teus pĂ©s, me obriga.O que n’alma guardei de muito antiga
ExperiĂȘncia foi pena e ansiar inquieto.
Gosto pouco do amor ideal objeto
SĂł, e do amor sĂł carnal nĂŁo gosto miga.O que hĂĄ melhor no amor Ă© a iluminĂąncia.
Mas, ai de nĂłs! nĂŁo vem de nĂłs. Viria
De onde? Dos cĂ©us?… Dos longes da distĂąncia?…NĂŁo te prometo os estos, a alegria,
A assunção… Mas em toda circunstĂąncia
Ser-te-ei sincero como a luz do dia.
Sonetos sobre PĂ©s de Manuel Bandeira
2 resultados Sonetos de pés de Manuel Bandeira. Leia este e outros sonetos de Manuel Bandeira em Poetris.
Ad Instar Delphini
Teus pés são voluptuosos: é por isso
Que andas com tanta graça, ó Cassiopéia!
De onde te vem tal chama e tal feitiço,
Que dås idéia ao corpo, e corpo à idéia?CamÔes, valie-me! Adamastor, Magriço,
Dai-me força, e tu, VĂȘnus CiterĂ©ia,
Essa doçura, esse imortal derriço…
Quero também compor minha epopéia!não cantarei Helena e a antiga Tróia,
Nem as MissÔes e a nacional Lindóia,
Nem Deus, nem Diacho! Quero, oh por quem Ă©s,Flor ou mulher, chave do meu destino,
Quero cantar, como cantou Delfino,
As duas curvas de dois brancos pés.