Noite do Roubo
A quem foram roubar os pobres trapos:
A mim, que sou humilde pobrezinho?
Olhem bem que o valor desses farrapos
Está em ter minha avó fiado o linho.Ó rocas a fiar, contos de fadas!
Eu tinha-lhes amor e a simpatia
Que vem das saudades de algum dia,
Longe, das velhas noites seroadas.Bragais de minha casa, e as roupas feitas
Por mĂŁos de minha mĂŁe, muito me assusta
Que os tomassem perversas mĂŁos suspeitas.Ah! mĂŁos do furto, olhai, trazei-me Ă justa
Os meus linhos — suor dumas colheitas —
E amor dos meus que a mim muito me custa.
Sonetos sobre Pobres de Afonso Duarte
2 resultados Sonetos de pobres de Afonso Duarte. Leia este e outros sonetos de Afonso Duarte em Poetris.
Natal
Turvou-se de penumbra o dia cedo;
Nem o sol apertou no meu beiral!
Que longas horas de Jesus! Natal…
E o cepo a arder nas cinzas do brasedo…E o lar da casa, os corações aos dobres,
É um painel a fogo em seu costume!
Que lindos versos bĂblicos, ao lume,
Plo doce PrĂncipe cristĂŁo dos pobres!Fulvas figuras pra esculpir em barro:
Ă€ luz da lenha, em rubro tom bizarro,
Sou em Presépio com meus pais e irmãosE junto às brasas, os meus olhos postos
Nesta evangélica expressão de rostos,
Ergo em graças a Deus as minhas mãos.