Sonetos sobre Praia de Fernando Pessoa

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Sonetos de praia de Fernando Pessoa. Leia este e outros sonetos de Fernando Pessoa em Poetris.

As Tuas MĂŁos Terminam Em Segredo

As tuas mĂŁos terminam em segredo.
Os teus olhos sĂŁo negros e macios
Cristo na cruz os teus seios (?) esguios
E o teu perfil princesas no degredo…

Entre buxos e ao pé de bancos frios
Nas entrevistas alamedas, quedo
O vendo pÔe o seu arrastado medo
Saudoso o longes velas de navios.

Mas quando o mar subir na praia e for
Arrasar os castelos que na areia
As crianças deixaram, meu amor,

SerĂĄ o haver cais num mar distante…
Pobre do rei pai das princesas feias
No seu castelo Ă  rosa do Levante !

Rala Cai Chuva. O Ar Não É Escuro. A Hora

Rala cai chuva. O ar nĂŁo Ă© escuro. A hora
Inclina-se na haste; e depois volta.
Que bem a fantasia se me solta!
Com que vestĂ­gios me descobre agora!

TĂ©dio dos interstĂ­cios, onde mora
A fazer de lagarto. – O muro escolta
A minha eterna angĂșstia de revolta
E esse muro sou eu e o que em mim chora.

NĂŁo digas mais, pois te ignorei cativo…
Teus olhos lembram o que querem ser,
MurmĂșrio de ĂĄguas sobre a praia, e o esquivo

Langor do poente que me faz esquecer.
Que real que Ă©s! Mas eu, que vejo e vivo,
Perco-te, e o som do mar faz-te perder.