Sonetos sobre Repente de Walmir Ayala

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Sonetos de repente de Walmir Ayala. Leia este e outros sonetos de Walmir Ayala em Poetris.

Noite Escura

Noite escura do amor, em que me deito
com teu corpo de luz, eu assombrado
deste fantasma de repente alado
amplificando a jaula do meu peito.

Deixando-o infinito, maculado
de sangue e espuma (Ă© mar este fantasma?
ou pĂĄssaro de mar que em onda espalma
seu corpo que é de luz e céu desfeito).

E a noite escura que era o amor se ajunta
em feixes de silĂȘncio e de desmaio
para a festa defunta

de ver ressurreiçÔes: tempo em que caio
para em sombras cantar mais docemente
este sol que me pÔe preso e demente.

Viola

Ai, nĂŁo morras de amor, de amor nĂŁo morre
o amor que mata amor morosamente.
NĂŁo creias no que te arma de descrente
e sendo anti-socorro te socorre.

Naquela simples gala, justamente,
Ă© inĂ­cio da pobreza — isto que morre
sendo amor que te mata e te socorre
no amor que mata amor, morosamente.

HĂĄ uma pressa escondida e inata nessa
morosa perda, amor, que de repente
te instiga a dar medida ao que nĂŁo cessa.

Se te apraz dar socorro ao que socorre,
aceita o que te mata eternamente
e nĂŁo morras de amor, que amor nĂŁo morre.