Sonetos sobre Rios de Francisco Joaquim Bingre

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Sonetos de rios de Francisco Joaquim Bingre. Leia este e outros sonetos de Francisco Joaquim Bingre em Poetris.

Fogo

Faísca luminar da etérea chama
Que acendes nossa máquina vivente,
Que fazes nossa vista refulgente
Com eléctrico gás, com subtil flama:

A nossa construção por ti se inflama;
Por ti, o nosso sangue gira quente;
Por ti, as fibras tem vigor potente,
Teu vivo ardor por elas se derrama.

Tu, Fogo animador, nos vigorizas,
E Ă  maneira de um voltejante rio,
Por todo o nosso corpo te deslizas.

O homem, só por ti tem força e brio
Mas, se tu o teu giro finalizas,
Quando a chama se apaga, ele cai frio.

O Sábio não Vai em Grossos Rios

QuĂŁo bem aventurado e quĂŁo ditoso
O sábio é, que parco passa a vida
Medindo, alegre, a entrada co’a saída
Do Mundo vĂŁo, sem medo do invejoso!

Quem c’o pouco que tem vive gostoso,
Cos desejos nĂŁo tem sĂ´frega lida.
Como subir nĂŁo quer, nunca a caĂ­da
Teme, do vĂŁo Faetonte desejoso.

Se tem sede, nĂŁo vai em grossos rios
Beber, sĂ´frego, a farto nas correntes,
Porque teme cair em seus baixios.

Pequena fonte vai buscar, prudente,
Onde bebe, seguro dos bravios
Enrolados cachões da altiva enchente.