EspĂrito Imortal
EspĂrito imortal que me fecundas
Com a chama dos viris entusiasmos,
Que transformas em gládios os sarcasmos
Para punir as multidões profundas!Ó alma que transbordas, que me inundas
De brilhos, de ecos, de emoções, de pasmos
E fazes acordar de atros marasmos
Minh’alma, em tĂ©dios por charnecas fundas.Força genial e sacrossanta e augusta,
Divino Alerta para o Esquecimento,
Voz companheira, carinhosa e justa.Tens minha MĂŁo, num doce movimento,
Sobre essa Mão angélica e robusta,
EspĂrito imortal do Sentimento!
Sonetos sobre Sarcasmo de Cruz e Souza
4 resultadosRompeu-Se O Denso VĂ©u Do Atroz Marasmo
Rompeu-se o denso véu do atroz marasmo
E como por fatal, negro hebetismo
De antro sepulcral, de fundo abismo
O povo ressurgiu com entusiasmo!O Zoilo mazorral se queda pasmo
Supõe quimera ser, ser cataclismo
Roga, já por dobrez, por ceticismo
De nĂ©scio, vil truĂŁo solta o sarcasmo.PerdĂŁo, Filho da Luz, minh’alma exora,
Porém, a pátria diz, somente agora
Os grilhões biparti de atroz moleza!E ele, o nosso herói já redivivo
De pé, sem se curvar, sereno, altivo
Co’as raias do porvir mede a grandeza!
MĂşmia
MĂşmia de sangue e lama e terra e treva,
PodridĂŁo feita deusa de granito,
Que surges dos mistérios do Infinito
Amamentada na lascĂvia de Eva.Tua boca voraz se farta e ceva
Na carne e espalhas o terror maldito,
O grito humano, o doloroso grito
Que um vento estranho para és limbos leva.Báratros, criptas, dédalos atrozes
Escancaram-se aos tétricos, ferozes
Uivos tremendos com luxĂşria e cio…Ris a punhais de frĂgidos sarcasmos
E deve dar congélidos espasmos
O teu beijo de pedra horrendo e frio!…
Majestade CaĂda
Esse cornĂłide deus funambulesco
Em torno ao qual as Potestades rugem,
Lembra os trovões, que tétricos estrugem,
No riso alvar de truĂŁo carnavalesco.De ironias o momo picaresco
Abre-lhe a boca e uns dentes de ferrugem,
Verdes gengivas de ácida salsugem
Mostra e parece um Sátiro dantesco.Mas ninguĂ©m nota as cĂłleras horrĂveis,
Os chascos, os sarcasmos impassĂveis
Dessa estranha e tremenda Majestade.Do torvo deus hediondo, atroz, nefando,
Senil, que embora, rindo, está chorando
Os Noivados em flor da Mocidade!