Sonetos sobre Seios de Olavo Bilac

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Sonetos de seios de Olavo Bilac. Leia este e outros sonetos de Olavo Bilac em Poetris.

Na Tebaida

Chegas, com os olhos Ășmidos, tremente
A voz, os seios nus, como a rainha
Que ao ermo frio da Tebaida vinha
Trazer a tentação do amor ardente.

Luto: porém teu corpo se avizinha
Do meu, e o enlaça como uma serpente..
Fujo: porém a boca prendes, quente,
Cheia de beijos, palpitante, Ă  minha…

Beija mais, que o teu beijo me incendeia!
Aperta os braços mais! que eu tenha a morte,
Preso nos laços de prisão tão doce!

Aperta os braços mais, frågil cadeia
Que tanta força tem não sendo forte,
E prende mais que se de ferro fosse!

XVIII

Dormes… Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, Ă  tĂșnica estendida?

SĂŁo meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vĂŁo, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!

Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro… e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro

Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hĂĄlito sorvendo
Por que surge tĂŁo cedo a luz do dia?!

Rio Abaixo

Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga…
Quase noite. Ao sabor do curso lento
Da ĂĄgua, que as margens em redor alaga,
Seguimos. Curva os bambuais o vento.

Vivo, hĂĄ pouco, de pĂșrpura, sangrento,
Desmaia agora o Ocaso. A noite apaga
A derradeira luz do firmamento…
Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga.

Um silĂȘncio tristĂ­ssimo por tudo
Se espalha. Mas a lua lentamente
Surge na fĂ­mbria do horizonte mudo:

E o seu reflexo pĂĄlido, embebido
Como um glĂĄdio de prata na corrente,
Rasga o seio do rio adormecido.

Leio-Te: – O Pranto Dos Meus Olhos Rola:

Leio-te: – o pranto dos meus olhos rola:
– Do seu cabelo o delicado cheiro,
Da sua voz o timbre prazenteiro,
Tudo do livro sinto que se evola …

Todo o nosso romance: – a doce esmola
Do seu primeiro olhar, o seu primeiro
Sorriso, – neste poema verdadeiro,
Tudo ao meu triste olhar se desenrola.

Sinto animar-se todo o meu passado:
E quanto mais as pĂĄginas folheio,
Mais vejo em tudo aquele vulto amado.

Ouço junto de mim bater-lhe o seio,
E cuido vĂȘ-la, plĂĄcida, a meu lado,
Lendo comigo a pĂĄgina que leio.

XVII

Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar, querida!
Nem uma estrela pĂĄlida, perdida
Entre a névoa, abre as pålpebras medrosas

Mas um perfume cĂĄlido de rosas
Corre a face da terra adormecida …
E a névoa cresce, e, em grupos repartida,
Enche os ares de sombras vaporosas:

Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas … um rumor vibrante
De atritos longos e de beijos quentes …

E os céus se estendem, palpitando, cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de seios.

XV

Inda hoje, o livro do passado abrindo,
Lembro-as e punge-me a lembrança delas;
Lembro-as, e vejo-as, como as vi partindo,
Estas cantando, soluçando aquelas.

Umas, de meigo olhar piedoso e lindo,
Sob as rosas de neve das capelas;
Outras, de lĂĄbios de coral, sorrindo,
Desnudo o seio, lĂșbricas e belas…

Todas, formosas como tu, chegaram,
Partiram… e, ao partir, dentro em meu seio
Todo o veneno da paixĂŁo deixaram.

Mas, ah! nenhuma teve o teu encanto,
Nem teve olhar como esse olhar, tĂŁo cheio
De luz tĂŁo viva, que abrasasse tanto.

As Ondas

Entre as trĂȘmulas mornas ardentias,
A noite no alto-mar anima as ondas.
Sobem das fundas Ășmidas Golcondas,
PĂ©rolas vivas, as nereidas frias:

Entrelaçam-se, correm fugidias,
Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,
Vestem as formas alvas e redondas
De algas roxas e glaucas pedrarias.

Coxas de vago ĂŽnix, ventres polidos
De alabastro, quadris de argĂȘntea espuma,
Seios de dĂșbia opala ardem na treva;

E bocas verdes, cheias de gemidos,
Que o fĂłsforo incendeia e o Ăąmbar perfuma,
Soluçam beijos vĂŁos que o vento leva…

A Sesta De Nero

Fulge de luz banhado, esplĂȘndido e suntuoso,
O palĂĄcio imperial de pĂłrfiro luzente
E mĂĄrmor da LacĂŽnia. O teto caprichoso
Mostra, em prata incrustado, o nĂĄcar do Oriente.

Nero no toro ebĂșrneo estende-se indolente…
Gemas em profusĂŁo do estrĂĄgulo custoso
De ouro bordado vĂȘem-se. O olhar deslumbra, ardente,
Da pĂșrpura da TrĂĄcia o brilho esplendoroso.

Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da ArĂĄbia em recendente pira.

Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lĂșbrica PopĂ©ia.