Fim do Dia
Aquieta-se o silĂȘncio na folhagem,
que em ĂĄrvores teceu amor antigo;
sobressalto transposto da viagem
que o dia rumoroso fez consigo.O coração, que é sombra na paisagem,
dĂĄ Ă s palavras vĂŁs outro sentido;
e Ă© murmĂșrio desfeito na aragem,
que do entardecer recolhe abrigo.Ares assim se fazem de uma luz
que torna como baço o sol poente;
e o coração à estrema se reduz,
como o dia se volve mais ausente.Recolhem-se as palavras no vagar
que dia nem fulgor nos podem dar.
Sonetos sobre Sentidos de LuĂs Filipe Castro Mendes
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