Morte
Num imenso salĂŁo, alto e rotundo,
De caveiras iguais, ossos sem dono,
Perpétua habitação de eterno sono
Que tem por tecto o CĂ©u, por base o mundo:Bem no meio, em silĂȘncio o mais profundo,
Se levanta da Morte o fatal trono:
Ceptros sem rei, arados sem colono,
São os degraus do sólio furibundo.Lanças, arneses pelo chão, quebrados,
Murchas grinaldas, bĂĄculos partidos,
Liras de vates, pastoris cajados,Algemas, ferros e brasÔes luzidos,
No terrĂvel salĂŁo sĂŁo misturados,
No palĂĄcio da Morte confundidos.
Sonetos sobre SilĂȘncio de Francisco Joaquim Bingre
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Quanto Ă© Melhor Calar, que Ser Ouvido
SilĂȘncio divinal, eu te respeito!
Tu, meu Numen serĂĄs, serĂĄs meu guia
Se atĂ© ‘qui, insensato, errei a via
De HarpĂłcrates, quebrando o sĂŁo preceito,Hoje Ă vista do mal que tenho feito,
Em ser palreira pega em demasia,
Abraçarei a sã Filosofia
PitagĂłrica escola de proveito.Tenho visto que males tem nascido
Pelo muito falar: tenho sondado
Quanto Ă© melhor calar, que ser ouvido.Minha lĂngua vai ter fĂ©rreo cadeado.
Eu a quero enfrear, arrependido
De tanto sem proveito ter falado.