SilĂȘncios
Largos SilĂȘncios interpretativos,
Adoçados por funda nostalgia,
Balada de consolo e simpatia
Que os sentimentos meus torna cativos.Harmonia de doces lenitivos,
Sombra, segredo, lĂĄgrima, harmonia
Da alma serena, da alma fugidia
Nos seus vagos espasmos sugestivos.Ă SilĂȘncios! Ăł cĂąndidos desmaios,
VĂĄcuos fecundos de celestes raios
De sonhos, no mais lĂmpido cortejo…Eu vos sinto os mistĂ©rios insondĂĄveis,
Como de estranhos anjos inefĂĄveis
O glorioso esplendor de um grande beijo!
Sonetos sobre Sombra de Cruz e Souza
25 resultadosCega
Parece-me que a luz imaculada
Que vem do teu olhar, todo doçuras,
NĂŁo verte no meu ser aquelas puras
DelĂcias de outra era jĂĄ passada.Eu creio que essa pĂĄlpebra adorada
NĂŁo mais um flĂłreo empĂreo de venturas
Descobre-me — na noite de amarguras,
De dĂșvidas intĂ©rminas cortada.NĂŁo olhas como olhavas, rindo, outrora,
NĂŁo abres a pupila, como a aurora
Nascendo, abre, feliz, radiosa e calma.A sombra, nos teus olhos, funda, existe!…
Tu’alma deve ser bem negra e triste
Se os olhos sĂŁo, decerto, o espelho d’alma.
Sinfonias Do Ocaso
Musselinosas como brumas diurnas
Descem do acaso as sombras harmoniosas,
Sombras veladas e musselinosas
Para as profundas solidÔes noturnas.Sacrårios virgens, sacrossantas urnas,
Os céus resplendem de sidéreas rosas,
Da lua e das Estrelas majestosas
Iluminando a escuridĂŁo das furnas.Ah! por estes sinfĂŽnicos ocasos
A terra exala aromas de ĂĄureos vasos,
Incensos de turĂbulos divinos.Os plenilĂșnios mĂłrbidos vaporam…
E como que no Azul plangem e choram
CĂtaras, harpas, bandolins, violinos…
Cruzada Nova
Vamos saber das almas os segredos,
Os cĂrculos patĂ©ticos da Vida,
Dar-lhes a luz do Amor compadecida
E defendĂȘ-las dos secretos medos.Vamos fazer dos ĂĄridos rochedos
Manar a ĂĄgua lustral e apetecida,
Pelos ansiosos coraçÔes bebida
No silĂȘncio e na sombra d’arvoredos.Essas irmĂŁs furtivas das estrelas,
Se nĂŁo formos depressa defendĂȘ-las,
MorrerĂŁo sem encanto e sem carinho.Paladinos da lĂmpida Cruzada!
Conquistemos, sem lança e sem espada,
As almas que encontrarmos no Caminho.
A Fonte De Ăguas Cristalinas Corre
A fonte de ĂĄguas cristalinas corre
Chamalotes de prata levantando,
E através de arvoredos murmurando,
Entre arvoredos murmurando morre…No ocaso, o sol, a luz no oceano escorre
E sempre vejo, as sombras afrontando,
Uma mulher que canta e ri, lavando,
Mesmo que o sol muito abrasado jorre.Ă verde o campo, deleitĂĄvel e ermo.
Påssaros cortam vastidÔes sem termo,
Borboletas azuis roçam nas åguas.E cantando, a mulher, a rir a face,
Lava cantando como se lavasse
As suas grandes e profundas mĂĄgoas.