Aos Mesmos
De insĂpida sessĂŁo no inĂștil dia
Juntou-se do Parnaso a galegage;
Em frase hirsuta, em gĂłtica linguage,
Belmiro um ditirambo principia.Taful que o portuguĂȘs nĂŁo lhe entendia,
Nem ao resto da cĂŽmica salsage,
Saca o soneto que lhe fez Bocage,
E conheceu-se nele a Academia.Dos sĂłcios o pior silvou qual cobra,
Desatou-se em trovÔes, desfez-se em raios,
Dando ao triste Bocage o que lhe sobra.Fez na calĂșnia vil cruĂ©is ensaios,
E jaz com grandes créditos a obra
Entre mĂŁos de marujos e lacaios.
Sonetos sobre Soneto de Manuel Maria Barbosa du Bocage
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Autobiografia
De cerĂșleo gabĂŁo nĂŁo bem coberto,
passeia em Santarém chuchado moço,
mantido, às vezes, de sucinto almoço,
de ceia casual, jantar incerto;dos esbrugados peitos quase aberto,
versos impinge por miĂșde e grosso;
e do que em frase vil chamam caroço,
se o que, é vox clamantis in deserto;pede às moças ternura, e dão-lhe motes;
que, tendo um coração como estalage,
vĂŁo nele acomodando a mil peixotes.Sabes, leitor, quem sofre tanto ultraje,
cercado de um tropel de franchinotes?
â Ă o autor do soneto: â Ă© o Bocage.