Testamento do Homem Sensato
Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: «Ele era assim…»
mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.Porém, se, um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em voo se arremeda,deixa-a pousar em teu silĂȘncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
com uma luz, mais que distante, breve.
Sonetos sobre Tarde de Carlos Pena Filho
2 resultados Sonetos de tarde de Carlos Pena Filho. Leia este e outros sonetos de Carlos Pena Filho em Poetris.
Soneto, Ă s Cinco Horas da Tarde
Agora que me instigo e me arremesso
ao branco ofĂcio de prender meu sono
e depois atirĂĄ-lo em seu vestido
feito de céu e restos de incerteza,recolho inutilmente de seus låbios
a precisĂŁo do sangue do silĂȘncio
e inauguro uma tarde em suas mĂŁos
gråvidas de gestos e de rumos.Pelo temor e o débil sobressalto
de encontrar sua ausĂȘncia numa esquina
quando extingui canção e permanĂȘncia,guardei todo o impossĂvel de seus olhos,
embora ouvisse, longe, além dos mapas,
bruscos mastins de cedro em seus cabelos.