Entre o Bater Rasgado dos PendÔes
Entre o bater rasgado dos pendÔes
E o cessar dos clarins na tarde alheia,
A derrota ficou: como uma cheia
Do mal cobriu os vagos batalhÔes.Foi em vão que o Rei louco os seus varÔes
Trouxe ao prolixo prélio, sem idéia.
Ăgua que mĂŁo infiel verteu na areia â
Tudo morreu, sem rastro e sem razÔes.A noite cobre o campo, que o Destino
Com a morte tornou abandonado.
Cessou, com cessar tudo, o desatino.Só no luar que nasce os pendÔes rotos
Mostram no absurdo campo desolado
Uma derrota herĂĄldica de ignotos.
Sonetos sobre Tarde de Fernando Pessoa
3 resultadosFosse Eu Apenas, NĂŁo Sei Onde Ou Como
Fosse eu apenas, nĂŁo sei onde ou como,
Uma coisa existente sem viver,
Noite de Vida sem amanhecer
Entre as sirtes do meu dourado assomo….Fada maliciosa ou incerto gnomo
Fadado houvesse de nĂŁo pertencer
Meu intuito glorĂola com Ter
A ĂĄrvore do meu uso o Ășnico pomo…Fosse eu uma metĂĄfora somente
Escrita nalgum livro insubsistente
Dum poeta antigo, de alma em outras gamas,Mas doente, e , num crepĂșsculo de espadas,
Morrendo entre bandeiras desfraldadas
Na Ășltima tarde de um impĂ©rio em chamas…
Qual Ă A Tarde Por Achar
Qual Ă© a tarde por achar
Em que teremos todos razĂŁo
E respiraremos o bom ar
Da alameda sendo verĂŁo,Ou, sendo inverno, baste ‘star
Ao pé do sossego ou do fogão?
Qual Ă© a tarde por voltar?
Essa tarde houve, e agora nĂŁo.Qual Ă© a mĂŁo cariciosa
Que hĂĄ de ser enfermeira minha –
Sem doenças minha vida ousa –Oh, essa mĂŁo Ă© morta e osso …
Só a lembrança me acarinha
O coração com que não posso.