Sonetos sobre Terra de William Shakespeare

2 resultados
Sonetos de terra de William Shakespeare. Leia este e outros sonetos de William Shakespeare em Poetris.

Viverás, que da Pena a Força Emana

Ou pra fazer-te o epitáfio vivo,
ou vives mais e a terra me apodrece.
Tua memĂłria a morte deste arquivo
nĂŁo tira, mas de mim o resto esquece.

Aqui terá o teu nome imortal gala,
indo eu, hei-de ficar do mundo oculto,
sĂł pode dar-me a terra comum vala,
no olhar dos homens tu serás sepulto.

Meus versos monumento te serĂŁo
que hĂŁo-de ler e reler olhos a vir
e as lĂ­nguas a haver repetirĂŁo

o que és, quando já ninguém respire.
Viverás, que da pena a força emana,
onde o sopro mais sopra, em boca humana.

NĂŁo te ArruĂ­nes, Alma, Enriquece

Centro da minha terra pecadora,
alma gasta da prĂłpria rebeldia,
porque tremes lá dentro se por fora
vais caiando as paredes de alegria?

Para quĂŞ tanto luxo na morada
arruinada, arrendada a curto prazo?
Herdam de ti os vermes? Na jornada
do corpo te consomes ao acaso?

NĂŁo te arruĂ­nes, alma, enriquece:
vende as horas de escĂłria e desperdĂ­cio
e compra a eternidade que mereces,

sem piedade do servo ao teu serviço.
Devora a Morte e o que de nós terá,
que morta a Morte nada morrerá.

Tradução de Carlos de Oliveira