Sonetos sobre Valor de William Shakespeare

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Sonetos de valor de William Shakespeare. Leia este e outros sonetos de William Shakespeare em Poetris.

Adeus! Caro de Mais te Possuía

Adeus! caro de mais te possuía,
sabes a estimativa em que te trazem;
carta de teu valor dá-te franquia,
meus vínculos a ti já se desfazem.

Como reter-te sem consentimento
e onde mereço essa riqueza grada?
Falece a causa em mim de tal provento
e a patente que tenho é revogada.

Deste-me, sem saber do teu valor,
ou quanto a mim, a quem o deste, errando,
e a dádiva que em base errada for

volta a casa, melhor se ponderando.
Tive-te assim qual sonho de embalar,
um rei no sono e nada ao acordar.

À Morte Peço a Paz Farto de Tudo

À morte peço a paz farto de tudo,
de ver talento a mendigar o pão,
e o oco abonitado e farfalhudo,
e a pura fé rasgada na traição,

e galas de ouro es despejados bustos,
e a virgindade à bruta rebentada,
e em justa perfeição tratos injustos,
e o valor da inépcia valer nada,

e autoridade na arte pôr mordaça,
e pedantes a engenho dando lei,
e a verdade por lorpa como passa,

e no cativo bem o mal ser rei.
Farto disto, não deixo o meu caminho,
pois se eu morrer, é o meu amor sozinho.