Soneto XXXXVII
Como depois de tanta idade de ano
Agora o CĂ©u vos dĂĄ, Jacinto, Ă terra?
Esta tardança algua culpa encerra
Ou mistério, que passa o ser humano.Foi descuido do Céu, ou foi engano
Da terra, que sem CĂ©u mil vezes erra?
Ou pouco merecer, que este desterra
De tanta glória o prémio soberano?Nem foi erro da terra, nem foi vosso,
Nem do Céu foi, mas foi mistério seu
Que Ă CatĂłlica Igreja se aparelha.Filhos na mocidade o CĂ©u lhe deu:
Guardou-vos, por vos dar filho mais moço
Para consolação desta Mãe velha.
Sonetos sobre Velhos de Vasco Mouzinho de Quebedo
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Soneto XVII
A Pero de Maris sobre o seu livro
Sentindo-se de força e vigor falta,
Mal a que o tempo enfim todos condena,
Renovar-se outra vez a Ăguia ordena,
Abre as asas ao Sol, e as nuvens salta.Depois que lĂĄ se vĂȘ soberba e alta,
Lança-se ao mar com fĂșria nĂŁo pequena,
E caindo-lhe a velha e antiga pena,
De nova glĂłria se reveste e esmalta.Mar sois Maris, a lĂngua lusitana
Ă esta Ăguia, que antiga se renova
E os ares sobre todas livre raia.Temo-lhe o caso de Ăcaro de ufana;
Mas se do Sol queimada em mar o prova,
SerĂĄ para que sempre nova saia.