Se Ausente da Alma Estou, que me Dá Vida?
Se apartada do corpo a doce vida,
Domina em seu lugar a dura morte,
De que nasce tardar-me tanto a morte
Se ausente da alma estou, que me dá vida?Não quero sem Silvano já ter vida,
Pois tudo sem Silvano Ă© viva morte,
Já que se foi Silvano, venha a morte,
Perca-se por Silvano a minha vida.Ah! suspirado ausente, se esta morte
NĂŁo te obriga querer vir dar-me vida,
Como nĂŁo ma vem dar a mesma morte?Mas se na alma consiste a prĂłpria vida,
Bem sei que se me tarda tanto a morte,
Que Ă© porque sinta a morte de tal vida.
Sonetos sobre Vida de Violante do CĂ©u
3 resultadosTirano Deus Cupido
Que suspensĂŁo, que enleio, que cuidado
É este meu, tirano deus Cupido?
Pois tirando-me enfim todo o sentido
Me deixa o sentimento duplicado.Absorta no rigor de um duro fado,
Tanto de meus sentidos me divido,
Que tenho sĂł de vida o bem sentido
E tenho já de morte o mal logrado.Enlevo-me no dano que me ofende,
Suspendo-me na causa de meu pranto
Mas meu mal (ai de mim!) nĂŁo se suspende.Ă“ cesse, cesse, amor, tĂŁo raro encanto
Que para quem de ti nĂŁo se defende
Basta menos rigor, nĂŁo rigor tanto.
A uma Suspeita
Amor, se uma mudança imaginada
É com tanto rigor minha homicida,
Que fará, se passar de ser temida,
A ser, como temida, averiguada?Se sĂł por ser de mim tĂŁo receada,
Com dura execução me tira a vida,
Que fará, se chegar a ser sabida?
Que fará, se passar de suspeitada?Porém, já que me mata, sendo incerta,
Somente o imaginá-la e presumi-la,
Claro está, pois da vida o fio corta.Que me fará depois, quando for certa,
Ou tornar a viver para senti-la,
Ou senti-la também depois de morta.