Falando Ao CĂ©u
Falas ao CĂ©u, Amor! Em vĂŁo tu falas!
Mas o céu, esse é velho, esse é velhinho,
Todo ele Ă© branco, faz lembrar o linho
Dos leitos alvos onde tu te embalas.A alma do céu é como velhas salas
Sem ar, sem luz, como lares sem vinho
Sem ĂĄgua e pĂŁo, sem fogo e sem carinho,
Sem as mais toscas, as mais simples galas.Sempre surdo, hoje o cĂ©u Ă© mudo, Ă© cego…
Jamais o coração ao céu entrego,
Eu que tĂŁo cego vou por entre abrolhos.Mas se queres tornar jovem e louro
DĂĄ-lhe o bordĂŁo do teu amor um pouco
Fala e vista, com a vida dos teus olhos…
Sonetos sobre Vista de Cruz e Souza
3 resultadosCristo E A AdĂșltera
(Grupo de Bernardelli)
Sente-se a extrema comoção do artista
No grupo ideal de plĂĄcida candura,
Nesse esplendor tĂŁo fino da escultura
Para onde a luz de todo o olhar enrista.Que campo, ali, de rĂștila conquista
Deve rasgar, do mĂĄrmore na alvura,
O estatuĂĄrio — que amplidĂŁo segura
Tem — de alma e braço, de razĂŁo e vista!VĂȘ-se a mulher que implora, ajoelhada,
A mais serena compaixĂŁo sagrada
De um Cristo feito a largos tons gloriosos.De um Nazareno compassivo e terno,
D’olhos que lembram, cheios de falerno,
Dois inefåveis coraçÔes piedosos!
O Grande Momento
Inicia-te, enfim, Alma imprevista,
Entra no seio dos Iniciados.
Esperam-te de luz maravilhados
Os Dons que vĂŁo te consagrar Artista.Toda uma Esfera te deslumbra a vista,
Os ativos sentidos requintados.
Céus e mais céus e céus transfigurados
Abrem-te as portas da imortal Conquista.Eis o grande Momento prodigioso
Para entrares sereno e majestoso
Num mundo estranho d’esplendor sidĂ©reo.Borboleta de sol, surge da lesma…
Oh! vai, entra na posse de ti mesma,
Quebra os selos augustos do Mistério!