Receita para o Sucesso e Boa Fama
Nunca te lances em várias empresas ao mesmo tempo: não serás admirado por te dispersares. Mais vale ser bem sucedido numa única, mas brilhante. Falo por experiência.
No início da tua carreira, não te poupes nem a longas horas de reflexão nem aos mais rudes esforços. Também não tomes iniciativas, se não tiveres a certeza de ter bom êxito. Tão brilhante quando te estreias como em qualquer outra coisa: uma vez conquistada a fama, mesmo os teus erros serão títulos de glória.
Quando estiveres assoberbado por um assunto que te compete, recusa completamente tudo o que possa distrair a tua atenção. De facto, se se perceber que faltaste – ainda que minimamente – aos deveres do teu cargo, imediatamente isso te será apontado. E, não obstante tudo o mais que possas ter feito, não obstante o fardo das preocupações que te oprimiam, a tua falha será imputada a essa tarefa suplementar.
Quando te lanças numa empresa, nunca te associes a uma pessoa mais competente ou mais experiente que tu. De igual modo, quando visitas alguém, não te faças acompanhar por um terceiro que tenha melhores relações com o anfitrião que tu.
Se tiveres de deixar um cargo,
Passagens sobre Tarefa
184 resultadosReservando ao pintor a tarefa severa e controlável de começar os quadros, atribuímos ao espectador o papel vantajoso, cómodo e cómico de os acabar pela sua meditação ou pelo seu sonho.
Mestre
Mestre, meu mestre querido,
Coração do meu corpo intelectual e inteiro!
Vida da origem da minha inspiração!
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?Não cuidaste se morrerias, se viverias, nem de ti nem de nada,
Alma abstracta e visual até aos ossos.
Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo,
Refúgio das saudades de todos os deuses antigos,
Espírito humano da terra materna,
Flor acima do dilúvio da inteligência subjectiva…Mestre, meu mestre!
Na angústia sensacionalista de todos os dias sentidos,
Na mágoa quotidiana das matemáticas de ser,
Eu, escrevo de tudo como um pó de todos os ventos,
Ergo as mãos para ti, que estás longe, tão longe de mim!Meu mestre e meu guia!
A quem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou,
Seguro como um sol fazendo o seu dia involuntariamente,
Natural como um dia mostrando tudo,
Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade.
Meu coração não aprendeu nada.
Meu coração não é nada,
Meu coração está perdido.Mestre, só seria como tu se tivesse sido tu.
O ancião merece respeito não pelos cabelos brancos ou pela idade, mas pelas tarefas e empenhos, trabalhos e suores do caminho já percorrido na vida.
A Escola
Não podemos negar que a escola não deu aos seus alunos todas as possibilidades que lhes devia dar, desprezou os mal dotados, obrigou-os a actos ou tarefas que lhes depuseram na alma as primeiras sementes do despeito ou da revolta, lhes deu, pelo quase exclusivo cuidado que votou ao saber, deixando na sombra o que é o mais importante — formação do carácter e desenvolvimento da inteligência —, todas as condições para virem a ser o que são agora; se não saíram da escola com amor à escola, a culpa não é deles, mas da escola. Acresce ainda que, lançados na vida, a escola nunca mais procurou atraí-los, nunca mais foi ao encontro dos seus antigos alunos, para lhes aumentar a cultura, os informar e esclarecer sobre novas orientações de espírito, para lhes pedir a sua colaboração, o seu interesse na educação das gerações mais moças. Houve um corte de relações, quando a sua manutenção poderia ainda de algum modo apagar as más lembranças que os alunos levavam. Que admira que sintamos agora à nossa volta paixão e rancor? Tivemo-los nas nossas mãos e não fizemos por eles tudo quanto podíamos, mesmo com as possibilidades económicas e pedagógicas de que nos cercara o meio;
A principal tarefa na vida de um homem é a de dar nascimento a si próprio.
Viver é esforço, voluntário ou não, para executar a tarefa que ninguém nos atribuiu.
A Dificuldade de Estabelecer e Firmar Relações
A dificuldade de estabelecer e firmar relações. Há uma técnica para isso, conheço-a. Nunca pude meter-me nela. Ser «simpático». É realmente fácil: prestabilidade, autodomínio. Mas. Ser sociável exige um esforço enorme — físico. Quem se habituou, já se não cansa. Tudo se passa à superfície do esforço. Ter «personalidade»: não descer um milímetro no trato, mesmo quando por delicadeza se finge. Assumirmos a importância de nós sem o mostrar. Darmo-nos valor sem o exibir. Irresistivelmente, agacho-me. E logo: a pata dos outros em cima. Bem feito. Pois se me pus a jeito. E então reponto. O fim. Ser prestável, colaborar nas tarefas que os outros nos inventam. Colóquios, conferências, organizações de. Ah, ser-se um «inútil» (um «parasita»…). Razões profundas — um complexo duplo que vem da juventude: incompreensão do irmão corpo e da bolsa paterna. O segundo remediou-se. Tenho desprezo pelo dinheiro. Ligo tão pouco ao dinheiro que nem o gasto… Mas «gastar» faz parte da «personalidade». Saúde — mais difícil. Este ar apeuré que vem logo ao de cima. A única defesa, obviamente, é o resguardo, o isolamento, a medida.
É fácil ser «simpático», difícil é perseverar, assumir o artifício da facilidade. Conservar os amigos. «Não és capaz de dar nada»,
O meu amor e respeito pelos nossos amigos, dentro e fora do país, aprofundou-se consideravelmente. Estremeço sempre quando penso no que teria acontecido se estivéssemos completamente sozinhos. Teríamos sobrevivido, mas a tarefa teria sido muito mais difícil.
Porque a tarefa é muito pesada para ti, não poderás realizá-la sozinho
Porque a tarefa é muito pesada para ti, não poderás realizá-la sozinho.
Há uma lei em Nova Iorque segundo a qual só se concede um divórcio no caso de adultério de um dos cônjuges. Bem, eu me ofereci para a tarefa.
A Um Epilético
Perguntarás quem sou?! – ao suor que te unta,
À dor que os queixos te arrebenta, aos trismos
Da epilepsia horrenda, e nos abismos
Ninguém responderá tua pergunta!Reclamada por negros magnetismos
Sua cabeça há de cair, defunta
Na aterradora operação conjunta
Da tarefa animal dos organismos!Mas após o antropófago alambique
Em que é mister todo o teu corpo fique
Reduzido a excreções de sânie e lodo,Como a luz que arde, virgem, num monturo,
Tu hás de entrar completamente puro
Para a circulação do Grande Todo!
A Missão da Assembleia da República
Se ontem se podia afirmar que a missão histórica da Assembleia Constituinte consistia em dar viabilidade à democracia em Portugal, hoje podemos dizer que sobre a Assembleia da República recai o essencial da tarefa de a concretizar na prática do Estado que a recente Constituição reformulou. (…) A Assembleia da República tem de vir a ser a consciência política visível deste Povo, tornando-se num espelho fiel das suas necessidades e anseios, das suas dificuldades e esperanças e, ao mesmo tempo, no centro impulsionador da acção colectiva. (…) A Assembleia da República tem de ser o espaço da crítica justa e lúcida ao Governo e à administração pública e da denúncia oportuna das situações que intoleravelmente oprimem, exploram e alienam a pessoa humana, lembrando também a cada momento o que, sendo exequível, ainda não foi feito no domínio da ação do Estado e dos poderes locais.
A tarefa do escritor é compreender e não julgar.
Como Manipular um Público
Segundo uma lei conhecida, os homens, considerados colectivamente, são mais estúpidos do que tomados individualmente. Numa conversa a dois, convém que respeitemos o parceiro, mas essa regra de conduta já não é tão indispensável num debate público em que se trata de dispor as massas a nosso favor.
Há uns anos, um político pagou a figurantes para o aplaudirem numa concentração. Como bom profissional, compreendera que uma claque, embora não melhore o discurso, predispõe melhor os espectadores a descobrirem os seus méritos. O mimetismo é a mola principal para mover as massas no sentido do entusiasmo, do respeito ou do ódio. Mesmo perante um pequeno público de trinta pessoas, há sempre algo de religioso que provém da coagulação dos sentimentos individuais em expressão colectiva. No meio de um grupo, é necessária uma certa energia para pensar contra a maioria e coragem para exprimir abertamente essa opinião.
Os manipuladores de opinião ou, para utilizar uma palavra mais delicada, os comunicadores, sabem que, para conduzir mentalmente uma assembleia numa determinada direcção, é necessário começar por agir sobre os seus líderes. A primeira tarefa consiste em determinar quem são, apesar de eles próprios não o saberem. Um manipulador não tarda a distinguir o punhado de indivíduos em que pode apoiar-se para influenciar os outros.
Civilização Racional
O nosso conhecimento do valor histórico de certas doutrinas religiosas aumenta o nosso respeito por elas, mas não invalida a nossa posição, segundo a qual devem deixar de ser apresentadas como os motivos para os preceitos da civilização. Pelo contrário! Esses resíduos históricos auxiliaram-nos a encarar os ensinamentos religiosos como relíquias neuróticas, por assim dizer, e agora podemos arguir que provavelmente chegou a hora, tal como acontece num tratamento analítico, de substituir os efeitos da repressão pelos resultados da operação racional do intelecto. Podemos prever, mas dificilmente lamentar, que tal processo de remodelação não se deterá na renúncia à transfiguração solene dos preceitos culturais, mas que a sua revisão geral resultará em que muitos deles sejam eliminados. Desse modo, a nossa tarefa de reconciliar os homens com a civilização estará, até um grande ponto, realizada. Não precisamos de deplorar a renúncia à verdade histórica quando apresentamos fundamentos racionais para os preceitos da civilização. As verdades contidas nas doutrinas religiosas são, afinal de contas, tão deformadas e sistematicamente disfarçadas, que a massa da humanidade não pode identificá-las como verdade. O caso é semelhante ao que acontece quando dizemos a uma criança que os recém-nascidos são trazidos pela cegonha. Aqui, também estamos a contar a verdade sob uma roupagem simbólica,
É a nossa atitude no início de uma tarefa difícil, que, mais do que qualquer outra coisa, vai afetar o seu resultado bem sucedido.
Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.
Civilização de Especialistas
A verdade é que hoje vivemos numa civilização de especialistas e que é vão todo o empenho de que seja de outro modo. Sob pena de não ser eficiente, o homem das artes, das ciências e das técnicas tem de se especializar, para que domine aqueles segredos de bibliografia ou de prática, e para que obtenha os jeitos e a forte concentração de pensamento que se tornam necessários para que se possa não só manejar o que se herdou mas acrescentar património para as gerações futuras. E, se é certo que por um lado o especialismo favorece aquela preguiça de ser homem que tanto encontramos no mundo, permite ele, por outro lado, aproveitar em tarefas úteis indivíduos que pouco brilhantes seriam no tratamento de conjuntos. O preço, porém, se tem naturalmente de pagar; paga-o o colectivo quando se queixa, e muito justamente, da falta de bons líderes, de homens com uma larga visão de conjunto, que saibam do trabalho de cada um o suficiente para o poderem dirigir e se tenham eles tornado especialistas na difícil arte de não ter especialidade própria senão essa mesma do plano, da previsão e do animar na batalha as tropas que, na maior parte das vezes,
Não pode tornar-se um líder que não consegue confiar em seus subordinados e delegar responsabilidades aos respectivos encarregados. Não há necessidade alguma de um gerente ir ao correio enquanto o contínuo fica sem fazer nada. À cabeça compete pensar e às pernas, andar. Aquele que sendo ‘cabeça’ executa a tarefa das ‘pernas’ não poderá tornar-se um grande líder.