A IrrelevĂąncia da Escrita Controversa
Suponhamos que amanhĂŁ, como consequĂȘncia de terem lido Henri Miller, todas as pessoas começavam a usar uma linguagem livre, uma linguagem de sarjeta, se quiserem, e a agir de acordo com as suas crenças e convicçÔes. E entĂŁo ? A minha resposta Ă© que, acontecesse o que acontecesse, seria como nada tivesse ocorrido, nada, insisto, se o compararmos com os efeitos da explosĂŁo de uma Ășnica bomba atĂłmica. E isto Ă©, confesso, a coisa mais triste que um indivĂduo criador como eu pode admitir. Ă minha convicção que estamos hoje a atravessar um perĂodo a que se poderia chamar de «insensibilidade cĂłsmica», um perĂodo em que Deus parece, mais do que nunca, ausente do mundo, e o homem se vĂȘ condenado a enfrentar o destino que para si prĂłprio criou. Num momento como este, a questĂŁo de saber se um homem Ă© ou nĂŁo culpado de usar de uma linguagem obscena em livros impressos parece-me perfeitamente inconsequente. Ă quase como se eu, ao atravessar um prado, descobrisse uma erva coberta de esterco e, curvando-me para a ervilha obscura, lhe dissesse em tom de admoestação: «
Textos sobre Acordo de Henry Miller
2 resultadosViver Plenamente os Desejos
Quanto ao facto de saber se o sexual e o religioso sĂŁo antagĂłnicos e opostos, eu responderia do seguinte modo: todos os elementos ou aspectos da vida, por muito pobres, por muito duvidosos que sejam (para nĂłs), sĂŁo susceptĂveis de conversĂŁo, e na verdade devem ser transpostos para outro nĂvel, de acordo com a nossa maturidade e inteligĂȘncia.O esforço visando eliminar os aspectos «repugnantes» da existĂȘncia, que Ă© a obsessĂŁo dos moralistas, nĂŁo sĂł Ă© absurdo, como fĂștil. Ă possĂvel ser-se bem sucedido na repressĂŁo dos pensamentos e desejos, dos impulsos e tendĂȘncias feios e «pecaminosos». mas os resultados sĂŁo manifestamente desastrosos. (Ă estreita a margem que separa um santo e um criminoso). Viver plenamente os seus desejos e, ao fazĂȘ-lo, modificar subtilmente a natureza destes, Ă© o objectivo de todo o indivĂduo que aspira a desenvolver-se. Mas o desejo Ă© soberano e inextirpĂĄvel, mesmo quando, como dizem os budistas, se converte no seu contrĂĄrio. Para alguĂ©m se poder libertar do desejo, tem que desejar fazĂȘ-lo.